By Leo Peifer on 11/10/2006 08:32:00 AM

Os blocos do Palácio

Aconteceu rápido demais, eu acho. No começo de 2006 estávamos na minha humilíssima Lagoa do Nado. Bradamos impropérios por lá. Dividíamos o espaço com toda sorte de quimicamente alterados (através de substâncias em todos os estados da matéria).

Rondávamos, como camponeses furiosos prestes a um motim, os jardins do Palácio das Artes - foi ali onde nos apresentamos no FIT e no FAN - para, finalmente, tomar-lhe de assalto... Não poderíamos dizer de uma revolução, propriamente, mas teremos a inglória missão de entreter os súditos de Titane, à sua precisão, força e brilho tão acostumados.

A arquitetura sutil do P.A. é esmagadora. Estar, bípede, ao seu palco é a certeza de uma solidão sertaneja (geograficamente, quero dizer, já que os cantores sertanejos no sertão é que jamais residiram). Penso em quantos pontos contribuirei na escala Richter com o tremor das pernas, o batuque descompassado do coração, os lábios lacrados pela secura da incerteza, o tilintar medonho dos dentes, os cadafalsos da minha garganta.

Disseram ser normal não dormir direito a dois dias do espetáculo. A quem vive isso há uma semana cabe recurso em algum tribunal? Está escrito que farei um pequeno solo. Devo ampliar a concepção para a literalidade, me jogando ao chão do palco e ali ficando até alguém acender a luz exorcista de pesadelos?

Ensaios há seis meses para jogar a sorte em uma noite. A glória ou o linchamento? A globalização me pode ser a saída: penso agudamente em terceirizar a minha participação...

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