By Leo Peifer on 1/11/2007 04:03:00 PM
Eu sou madeira bruta?

Definitivamente não sei a imagem que você tem da Rosa dos Ventos. Para bem da verdade, não sei sequer que pensamentos nutrem os próprios integrantes sobre o caminho que trilham. Para tanger ainda mais próximo a realidade, eu mesmo não sei esboçar o que de fato somos. Ouvi alguns dizeres ( longe, aliás, de estarem em concordância); mas parece recorrente em todos eles a não-existência de uma identidade.

Acredito que isso aconteça ( a despeito inclusive de sermos um grupo recém-criado) a partir do ato de concepção do grupo: nenhum de nós se juntou ao RV por convicções e desejos compartilhados; fomos juntados em torno de uma proposta de trabalho e aceitamo-nos enveredar por ela.

O milagre, em sendo tão heterogêneos nos mantermos no mesmo caiaque, só acontece porque estamos seguros por sólidos caule e raízes. Pode chamar a esses elementos de Titane, João das Neves e Sérgio Pererê, se assim o(a) convir. Entretanto, mesmo especialmente amparados, contemplamos a cada semestre o apelo urgente do destino dos integrantes e assistimos algumas pétalas desfolharem para bem adubar outras searas. Não sei por quanto tempo as pétalas insistentes resistirão em ostentar a representação da estética e do belo. Nem mesmo faço idéia se há olhos sinceros requisitando essa visão.

Talvez esses pensamentos partam de uma desesperada insegurança interna, por querer igualmente desvairadamente esse caminho e insanamente não possuir elementos técnicos suficientes para segurar a minha descompensada barra ... Devo ser mais forte e capaz do que imagino, entretanto, descobrir isso com a alma é que é infácil.

Às vezes, e isso pode ser um engodo mental meu, parece pairar entre nós um clima - forjado senão por nós - de que somos inovadores, desbravadores e que, vindos de onde (ou de quem) viemos, não temos como não engrenar. Sentimentos melindrosos... Há algo de artificial em nossa concepção (seríamos, talvez, uma experiência cultural in vitro?), que pode ser contornado aos poucos pela aproximação do grupo e o reconhecimento de uma identidade. Isso exigiria esforços hercúleos, como sobreviver a uma pós-expiração no vácuo. Deve-se encarar?

Comments

0 Response to ' '