By Larissa Horta on 9/17/2007 11:24:00 AM
Rosa dos Ventos e a trupe de dança Grupo Corpo


Fui ao Palácio das Artes na segunda-feira passada assistir ao novo espetáculo do Grupo Corpo, entitulado “Breu” (coreografia de Rodrigo Pederneiras, música de Lenine, figurino de Freusa Zechmeister e cenografia e iluminação de Paulo Pederneiras). Diante da minha atual introspecção, sentei-me sozinha na cadeira 02 da fila A, na platéia superior, à espera do início do espetáculo.


Lendo o programa entregue no saguão de entrada, fiquei matutando sobre o que eu iria encontrar naquela noite. A impactante fotografia do programa, feita por Miguel Aun e José Luiz Pederneiras, deixava inquieta minha imaginação.

Como já é de praxe, o Grupo Corpo apresentou-se com duas peças. A primeira delas foi “Sete ou oito peças para um ballet”, criada em 1994, com coreografia de Rodrigo Pederneiras, música de Philip Glass e Uakti, figurino de Freusa Zechmeister, cenografia de Fernando Velloso e iluminação de Paulo Pederneiras. Fiquei boquiaberta logo de cara: o espetáculo se inicia com dançarinos entrando e saindo de cena, de par em par, com movimento semelhante àqueles patinhos de tiro ao alvo de parque de diversões, em que os patinhos aparecem, vão passando para serem acertados, e somem, surgindo novamente após instantes. Com movimentos incrivelmente precisos, a dança se fazia entender como palavra, dando margem a interpretações, mas com claro objetivo.

Diante do cenário colorido, figurinos de cores harmoniosas e movimentos leves, surgia-me a cada momento uma nova sensação, criando um misto explosivo ao fim da peça, mas principalmente alegre e eufórico.

Após intervalo, iniciou-se “Breu”. Em total contraste com a peça anterior, essa tinha o cenário de azulejos pretos e piso semi-espelhado, com figurinos de cores preta e xadrez. Fazendo uma crítica à violência nos dias atuais, o Grupo Corpo fez performances com o corpo deitado e muitos movimentos contra a gravidade, além da forte presença de batalha e de coletivo.

Ao som de Lenine, especialmente criado para o Grupo Corpo, correram lágrimas dos meus olhos, pela primeira vez em um espetáculo de dança. É claro que é impossível descrever o que eu assisti, ainda mais se tratando do fantástico Grupo Corpo. Mas fui embora sem saber definir o que eu estava sentindo.

Voltei pra casa pensando no Rosa dos Ventos, assim como me lembrei dele em inúmeros momentos durante o espetáculo. Apesar das diferenças, há muita semelhança entre nós e o Grupo Corpo, principalmente no processo de trabalho e preparação. Nós nos debatemos com tantos detalhes que, como disse Fabi Jerônimo ontem em nosso ensaio, só nos damos conta da sua importância quando vemos de fora. E foi algo parecido com isso que me aconteceu aquele dia... Era quase como se eu estivesse assistindo ao Rosa naquele palco, apreciando a magia que rondava aquele local e prestando atenção em cada detalhe e em como ele fazia diferença naquele instante...

Foi magnífico. Eu, que danço bem como uma porta e com tamanha timidez e desgosto para tal, saí de lá com vontade de ir para uma academia e descobrir do que meu corpo é capaz. Agora só falta colocar em prática. O Rosa dos Ventos agradeceria...


P.S.: O Rosa dos Ventos vai para Uberlândia no mês que vem, e depois para São João del Rei e Divinópolis/MG. O Grupo Corpo passará por Espanha, França e Argentina até o final do ano. Diante de tantas semelhanças, será esse o destino do Rosa dos Ventos??? (risos).

Acesse o site do Grupo Corpo:
http://www.grupocorpo.com.br/

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