João Castilho
Quando a cantora Titane, o dramaturgo João das Neves e a preparadora corporal Irene Zivianni resolveram propor módulos de oficinas culturais para a Lei de Incentivo à Cultura, ainda em 2004, saberiam que era necessário apresentar um produto final à comunidade. O que desconheciam era o modo como tudo iria tomar forma.
A proposta original, segundo a cantora, era a de selecionar um pequeno grupo que a acompanhasse em um show solo. Com o inesperado número de 100 inscrições, os idealizadores da oficina descubriram a grande demanda reprimida pelo cidadão comum para vivenciar o fazer artístico. Assumiram então ministrar as oficinas para quase 50 pessoas na Lagoa do Nado, em Belo Horizonte, durante o ano de 2005.
Enquanto o processo criativo acontecia, o projeto mudou de rumo. Satisfeitos com as potencialidades artísticas do grupo reunido, os organizadores foram cada vez mais assumindo o papel de orientação e direção e legavam progressivamente aos participantes os holofotes do show que era criado e produzido com músicas e poesias de Makely Ka e Sérgio Pererê, que depois dividiu a direção musical do espetáculo com a cantora.
Assim foi criado o Exercício no 1, com um coro cênico-musical de mais de 30 pessoas e que teve como cenário vários espaços da própria Lagoa do Nado. As referências às culturas populares como o congado e as folias de reis e seu contraste com a superficialidade e indiferença da metrópole foram o eixo sobre o qual girou toda a engrenagem do espetáculo, que contou com a especialidade dos instrumentos de percussão em uma atmosfera totalmente acústica e a reunião de música, cena e literatura.
Após a estreia do espetáculo, e encerrada a contraproposta para a Lei de Incentivo cultural, os integrantes
resolveram continuar juntos a pesquisar e desenvolver técnicas e linguagens artísticas, e o grupo herdou o nome do projeto. Nascia a Rosa dos Ventos.
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