By Larissa Horta on 1/18/2008 11:18:00 PM
Quando comecei esse texto, pensei, quase como uma promessa de ano novo: este ano, vou fazer textos pequenos para o blog e poupar meus leitores de tanta letra e bobagem. Quem disse?

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Depois de tanto suor em 2007, nada mais merecido do que descanso. Pra começar o ano, voei logo no primeiro dia para Salvador. Mesmo de férias, vi muita coisa que me fez lembrar do Rosa dos Ventos e que nos traria aprendizado, influência e inspiração para criar. Mas vim ao blog pra falar sobre a melhor experiência que tive por lá e que nada tem a ver com qualquer coisa que você possa agora ter imaginado, mas foi o que mais me fez desejar que o Rosa estivesse ali comigo.

Já sabia que Salvador era um dos principais pontos de mergulho da América do Sul, além de ter a maior concentração de naufrágios históricos mergulháveis do Brasil, mas muito me surpreendeu o preço. Não há procura pelo esporte na capital, fazendo com que as operadoras de mergulho se sustentem apenas como escolas, o que acarreta em um custo muito pequeno fazer uma viagem pelo fundo do mar.

Eu estava acompanhada de uma prima louca pela biologia marinha, em águas quentes (em torno de 26ºC), um sol quase insuportável de tão quente, um preço super barato, mar calmo, equipe competente de mergulhadores... Fui na hora, não pensei nem uma vez completa.

A princípio, imaginei que não sairia da praia após vestir todo o equipamento necessário para o mergulho, que incluía um cinto de chumbo com metade do meu peso e um galão de oxigênio que pesava mais 15 quilos nas minhas costas. Depois de entrar na água, aquele peso não faz tanta diferença devido ao empuxo, mas aí tem que aprender a respirar naquele treco. Achei que ia morrer quando enfiei a cabeça na água; o ar parece insuficiente e a sensação não é nada agradável.

Desespero à parte, passados 5 minutos de mergulho, eu estava pirando lá embaixo. Caraca, o negócio é sensacional! Só não fiquei boquiaberta porque eu precisava respirar. Era um mundo completamente inusitado e belo, muito belo. Centenas de peixes de todos os tipos e cores que você conseguir imaginar, inclusive aqueles fluorescentes de filme, uns que as escamas imitam pedras e corais e você nem vê se não prestar atenção, peixes agulha que nem é preciso explicar o nome; cobras, estrelas, esponjas, bolachas, moréias aos montes enterradas na areia, recifes enormes de corais, cardumes que passavam por nós e nos faziam nadar no meio deles. Não posso deixar de comentar o que me fez rir e engolir água: sabe quando alguém passa e você acompanha a pessoa com a cabeça e o olhar? Pois é, vários peixes faziam isso quando passávamos por cima deles, observando-nos. Parecia desenho animado!

Havia uma inquietude imensa saltitando dentro de mim e paz tremenda do lado de fora. Uma euforia incrível, experiência pra guardar na nossa essência, mesmo. E aquele silêncio... não se ouvia nada lá embaixo, só o barulho das bolhas que soltávamos ao respirar. Quando minha ansiedade foi se aquietando e meus olhos ficaram menos arregalados com tanta novidade ali, tive o primeiro pensamento em relação ao Rosa. Foi quando prestei atenção no silêncio que me rondava e comecei a apreciá-lo. Teria sido fantástico se vocês, meus rosildos, tivessem “ouvido” aquilo. Um silêncio que deveríamos ter tido inúmeras vezes e não soubemos fazê-lo. Um silêncio que só existe ali no fundo do mar, junto com toda aquela harmonia que mora com aqueles seres. Tudo ali parecia estar em ordem, como uma grande e boa vizinhança, apesar da indireta agressão humana.

É o que eu busco para o Rosa dos Ventos este ano. Não pretendo levar tudo isso com textos, fotos, histórias... mas com atitudes. Há disposição?

Beijo grande a todos.

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