A arte de manejar a Cinesfera

By Leo Peifer on 8/20/2008 02:30:00 PM

Talvez ela se ofendesse de falar que nos ensinou o conceito de Cinesfera nos quatro dias de oficina que nos proporcionou a coreógrafa e dançarina Dudude Herrmann. A caracterização mais apropriada do feito seria a de que despertamos essa consciência.

Nesse curtíssimo período, desaprendemos. E desaprender é ótimo, quando se pretende reconstruir algo. Pena não manter um contato mais próximo da abordagem com o grupo, mas eis a semente lançada.

Conforme revelação do Oráculo moderno, que também atende por Google, a Cinesfera é um termo cunhado pelo húngaro Rudolf Laban, no qual o movimento é entendido como extensão de nosso próprio corpo, visto como um receptáculo de experiências, de mestria no manejo de elementos interdinâmicos como peso, tempo e densidades.

O blog Dance non stop ainda explica que é necessária a harmonia do Homem com Natureza e o Cosmos, entendendo o movimento como a forma mais natural dessa Harmonia (elementos como ritmo, pulsação, oscilação, tensão e relaxamento, atração e repulsa).

A harmonia não é em movimentos muito fluidos e de mesma intensidade, mas está também presente na mais excêntrica combinação de movimentos, desde que essa combinação concilie os padrões de movimento, igualmente com as necessidades físicas e expressivas do intérprete, a escolha de movimentos tem de seguir uma determinada intenção e características.

Difícil não traçar paralelos com o trabalho de outra coreógrafa, Irene Ziviani, que durante muito tempo acompanhou nossa preparação corporal. Logicamente o faço como leigo, e superficialmente, mas enquanto Ziviani busca a expressividade e reeducação corporal para o canto, trabalhando um determinado grupo de apoios corporais que potencializam a presença cênica e a emissão vocal, Herrmann trabalha as sensações do corpo, aquilo que seu corpo de agora quer expressar, a liberdade de movimentos sem a opressão da mente, o corpo sem patrão... Ziviani é treino; Herrmann, improviso.

Ambos os trabalhos são muito bons e possuem suas vantagens, e só faz ampliar nosso leque de possibilidades artísticas. Não visualizei ainda a possibilidade de conjugar a técnica da Herrmann com o canto. Seria possível? Ademais, como garantir que esses novos conceitos se mantenham em nosso repertório efetivo de criação são nossos atuais desafios.

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