Desimproviso

By Iki Goulart on 9/29/2008 07:57:00 PM
Ouve. Sirene, a harpia urbana. Música da alma desprender do corpo na hora de purgar no zinco do teto da cidade. Pra onde ascende o incenso das chaminés das fábricas. Onde ressoa o entoar do mantra dos canos de descarga. De onde se vê as legiões sem rosto marcharem rumo ao seu destino. Mas não há pé que pise o eterno. E vai mudar, eu vejo. Vai cair uma chuva maior, de despencar o céu e lavar as almas. Vai abrir (à unha) sorrisos na massa das faces. E então vamos ver brotar, do asfalto cinza, flores de arame farpado e ferrugem.




Trecho que escrevi (e decorei) no ônibus, a caminho do Minas Centro, sábado passado. Acho mesmo que o lugar dele é o caderno.

Comments

0 Response to 'Desimproviso'