Você já foi ao teatro hoje? Pois não se preocupe, você poderá ir amanhã. Melhor, deixe para o ano seguinte, quando a Campanha de Popularização do Teatro retornar.

Reparou, por exemplo, como o mundo GLS arrendou os textos de teatro da capital? E como parece não ser possível criar um enredo sem uma pitada de afetação homoerótica?

Era tudo muito divertido quando surgiu a primogênita Acredite, um espírito baixou em mim, no longínquo 1998. Depois de um sucesso atordoante, que chegou a gerar um filme, além de uma invejável e inexaurível temporada que já se conta em década, parecem ter aberto uma espécie de caixa de Pandora. Seu DNA contaminou tudo o mais que se escrevia em teatro nesta capital. Além do mais, a aterradora quantidade de comédias em detrimento de dramas, musicais e outros gêneros seduz a pensar que somos um povo extremamente carente.  E  a julgar pelo tema solitário, em vários sentidos. "Faz-me rir, que da minha vida não acho graça".

- Querida, vamos pegar um teatrinho, hoje? O que você quer ver: Alfredo virou a mão; Meu Tio é...Tia!; Cuidado pro meu pai não descobrir; As Monas Lisas; Dois de Paus; Ela é o Cara;  O Dia do Babado; O Nome dela é Valdemar; Sexo Trocado; a Comédia dos Sexos...

- Tanto faz - responderá desconfiadamente a mulher, julgando o marido por suas opções. 

E é a melhor resposta que se poderia ter. Até a próxima campanha de populacho no teatro.