Ganhei um solo.

By Larissa Horta on 3/07/2010 09:54:00 PM
E não foi um trecho, foi uma música inteira. Logo eu, que mal consigo timbrar com o coro.

Eu explico os fatos: decidimos fazer uma remodelagem do espetáculo Mosaico, e entregamos a direção para o Matheus Sant'Ana, grande ator e parceiro do grupo. Temos, desde a estreia do Mosaico, em 2009, três intérpretes a menos no elenco, e optamos por reconstruir arranjos, vozes, músicas, cenas e outros elementos do roteiro.

Sempre quis trabalhar com alguém me dirigindo, porque esse negócio de ser sempre você mesmo da forma que você quer às vezes cansa. A arte nos permite fugir de dentro da gente, e um diretor traz isso pro trabalho de um artista. Também sempre quis cantar como solo, e isso desde pequena. Mas essa parte de cantar sempre ficou bem no sonho, naquele pedaço da imaginação que eu não pretendia realizar algum dia. Cantar no Rosa já me é muito suficiente, mesmo porque meu talento, se é que tenho algum, está nos instrumentos, e não na voz.

Mal começamos este trabalho e já houve crescimento, tanto individual quanto coletivo. As pessoas podem não perceber, mas houve. A verdade é que entregar a sua criação para alguém é doloroso. Arte é sofrível, e não adianta fugir disso. Por mais doloroso que seja, crescimento não é opcional.

Ser o foco de uma cena vai ser simplesmente doloroso. Não há palavra melhor para essa situação, e por isso ela é repetida aqui por três vezes em três linhas. Mas como eu disse, ganhei um solo. Foi um presente. O crescimento que esse processo proporciona é a grande magia da arte. Afinal, como diria aquele grande artista e compositor Mc Didô, "tô na pista pra negócio".

Comments

2 Response to 'Ganhei um solo.'

  1. Leo Peifer
    http://rosadosventosbh.blogspot.com/2010/03/ganhei-um-solo.html?showComment=1268050390454#c4269397221141965295'> 08 março, 2010 09:13

    Bem-vinda ao solo. Já lhe digo, é uma outra realidade. São você, seus fantasmas, suas técnicas e uma massa de rostos e expectativas no sentido contrário.

    Em um grupo como o Rosa, em que geralmente todos cantam juntos, quando acontece um solo, o silêncio se adensa. Você se sente a contramão do destino. E você percebe. As pessoas percebem. Seu único apoio é sua música, sua tábua de salvação.

    Quando ocorrer esse momento, por favor compartilhe sua experiência. Como ex-solista, muito gostaria de confrontar sensações. Na minha época, ser solo era ser mesmo sozinho. O que mudará na Rosa de agora?

     

  2. Marcos Mateus
    http://rosadosventosbh.blogspot.com/2010/03/ganhei-um-solo.html?showComment=1268096854863#c866696518344122576'> 08 março, 2010 22:07

    HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHa!!!!!
    Que final espetácular!!!!
    Me lembrou uma pessoal. (eu mesmo!)
    Mas como disse o SÁBIO Mc Didô, se "tamô na pista pra negócio" e o "negócio" é solar, paradoxalmente, "Vamô" junto, pois "é nóis!!!"